ALGO DE ALGUM LUGAR

O ponteiro do relógio marcava 5h30, de uma manhã fria e chuvosa na pequena cidade de Rothenburg, Alemanha. Onde mora Emily Lambert de 28 anos, e seu papagaio de estimação. Emily prática exercícios pela manhã, corre dez quilômetros por dia, de segunda a sábado, em uma estrada cercada pela natureza e por montes, mesmo com a chuva, ela não se intimidou, pois é muito obstinada, então pegou a capa de chuva e saiu, minutos depois, no meio do trajeto, Emily olha para o céu, onde a um brilho reluzente, em um ritmo contínuo, cada vez mais se intensificando, até que surge entre as nuvens um objeto circular, lançando uma rajada de luz em direção a Emily, que apaga.

Emily está em um relacionamento amoroso há 9 meses, que pretendem oficializar em breve, seu namorado tenta manter contato com ela, preocupado por não obter retorno, foi a casa dela para ver se estava tudo bem, no meio do trajeto, ele avista Emily desmaiada embaixo de uma árvore, desce do carro e a leva para o hospital, onde acorda após algumas horas, sem lembrar bem o que avia acontecido.

Dias depois, Emily retoma a rotina de exercícios, ao chegar em casa, vai tomar um banho para descansar, quando sente fortes dores na barriga, então liga para o namorado e pede para levá-la ao hospital, após ser examinada, o médico com um sorriso no rosto, dá a notícia, parabéns mamãe, tem um bebê a caminho. Era para ser um momento mágico para o casal, se eles não tivessem feito um voto, permitindo a relação sexual só após o casamento, os dois discutem até o carro, o rapaz resolvi terminar o namoro, por suspeita de traição, e vai embora. Emily chega em casa desnorteada, sem saber como essa gravidez foi possível, sem ter sido infiel.

No primeiro mês, sua barriga cresceu além do normal, seguido por dores contínuas, como se tivesse algo forçando de dentro para fora, sem aguentar, ela volta ao hospital, após exames, o médico diz que será feito um parto de emergência, tendo o risco de o bebê morrer na cirurgia, Emily não aceita a condição, vai embora mesmo com dores, ficando reclusa em casa.

Ao notar o silêncio na residência por semanas, Jack Kebot decide invadir o imóvel para roubar, após pegar na maçaneta, a porta se abre, estando só encostada, o homem entranha o ocorrido, pois o bairro é considerado perigoso, por ter pessoas como ele agindo anoite.

Mas isso não o desfoca do objetivo, adentrando a residência, ele coloca alguns objetos de valor em um saco plástico, antes de sair, abre a geladeira em busca de comida, mas só encontra sacolas com carne congelada, em seguida sente um odor forte de putrefação, curioso o homem sai procurando de onde vem, até chegar em uma porta, que dava para o porão.

Ao abrir, o papagaio saiu voando em direção à rua, repetindo.

— Cuidado, mamãe má.

O homem deu risada e não ligou para a ave, descendo as escadas com pouca iluminação, lá embaixo encontra Emily deitada no chão de bruços, em meio a fezes, sangue e moscas, a ação de tentar virá-la de barriga para cima, a desperta, derrubando Jack, ela é suspensa do chão, usando os braços.

O homem não acredita no que vê, o corpo de Emily se encontra em estado de putrefação, sendo controlado pela criatura gerada no seu ventre, que na tentativa de sair, devorou o peitoral com os dentes, deixando a cabeça amostra, as garras rasgaram as laterais da barriga, deixando os longos braços para fora, dando mobilidade ao corpo em decomposição.

Os dois ficam frente a frente, a criatura usando a mossa como porta-voz, diz ao homem.

— Que bom que você veio, por dias não aparecia ninguém, o último humano que veio aqui, congelei a pouca carne que deu para extrair, acho que era seu vizinho, por ser velho, era muito magro, às vezes espalho um pouco de suas entranhas no porão para atrair roedores, alguns consigo capturar, outros não.

O homem fica paralisado em posição fetal, ouvindo tudo sem interrupções.

­— Aliás, o corpo dessa humana já não tem nada a me oferecer, seus nutrientes já foram absorvidos, além de ser um receptáculo pequeno, mas você vai ter a honra de ser meu novo hospedeiro, é um homem forte, servirá bem ao nosso propósito.

Prevendo seu destino certo, o homem toma coragem e busca por respostas.

— Qual seu objetivo na Terra?

— Nosso objetivo?! Podemos chamar de revolução, más acredito ser algo além da compreensão humana, vou tentar simplificar, após ouvir, pode ir se assim desejar.

Finalizada a explicação, Jack, com um semblante sereno, se levanta, e caminha em direção à criatura, para cumprir seu destino.